#21 Descança militante II: 6 filmes para quem ficou arrasado com os resultados das eleições
Ainda tá triste que o pai não foi eleito no primeiro turno? Então, veja estes filminhos no Netflix para acalmar
Eu caí no golpe das pesquisas. Os resultados me deixaram sonhar. Um pouco antes da apuração começar, com um nó no estômago, senti lágrimas de emoção percorrerem meu rosto, um evento raro. “Será que faltava poucas horas para aquele pesadelo acabar?”, me perguntava internamente.
Não. Ainda temos um mês pela frente e agora cientes da realidade: a extrema direita avançou absurdamente nos últimos anos e se mantém firme em todo o Brasil. Mesmo que Bolsonaro não seja reeleito, serão quatro anos complicados. Aí fiquei triste e chorei de novo. Mas tudo bem, faz parte. Minha mãe sempre diz que nada como um dia após o outro com uma noite no meio.
Por mais que a gente tenha que fazer o que for possível para dialogar com quem está indeciso e tudo mais, o militante também precisa descansar. Foi por isso que comecei essa série de indicações de filmes levinhos, por uma vontade de compartilhar algo positivo, que ajudasse as pessoas a descansar a mente nas horas difíceis.
A primeira edição, foi cheia de humor irônico, mas essa aqui é mais sóbria porque estou triste e preocupada e obcecada em ler sobre o que o futuro nos reserva e tentar entender porque, depois dos horrores da pandemia sob esse governo, grande parte da população ainda o apoia e apoia candidatos alinhados a ele.
E aí me dei conta de que eu vou precisar de uma pausa em breve - e provavelmente você também vai. Então, compartilho aqui 6 filmes para te ajudar a se desligar um pouco do segundo turno, recobrar as forças para esperar mais um dia até a hora de bater boca com quem quer que seja e de votar 13 de novo.
Todos os filmes estão no catálogo do Netflix. Vamos à lista!
1. Um ninho para dois
Comecei a lista com uma mentira, porque esse filme está longe de ser água com açúcar. Na verdade, ele é bem emocionante e provavelmente vai te arrancar lágrimas, mas também deve te deixar com o coração aquecido.
Melissa McCarthy, a eterna Sookie de Gilmore Girls, e Chris O’Dowd são Lily e Jack Maynard. Eles são casados e se amam, mas passam por um momento delicado: perderam a filha deles ainda bebê e Jack está internado numa instuição de saúde psiquiátrica.
Lily tenta seguir com sua vida como se nada tivesse acontecido, mas começa a dar sinais de que também não está bem. No supermercado onde trabalha, parece distraída e recebe uma chamada do seu chefe.
Após comparecer a uma sessão de terapia em grupo mal-sucedida na clínica onde seu marido está internado, a psicóloga sugere que ela procure algum tipo de ajuda e recomenda um profissional que ela conhece, o que Lily deixa indignada. Em vez disso, ela volta para casa e decide cuidar do seu jardim, que está coberto de ervas daninhas.
Depois de esvaziar sua casa toda impulsivamente, ela decide procurá-lo e descobre que o terapeuta não é mais psiquiatra e, sim, veterinário. Depois de uma conversa estranha entre os dois, ele a manda embora. Ela vai, mas retorna depois de ser atacada por um pássaro que invadiu seu quintal para que ele a ajude com um corte na testa. A partir de então, eles estabelecem uma relação.
Entre as conversas com o veterinário-terapeuta, a batalha contra o pássaro do quintal e visitas ao seu marido, acompanhamos Lily e Jack em sua jornada para superar o luto e recomeçar depois de uma perda irreparável.
Amo Melissa McCarthy e Chris O’Dowd e me surpreendi com a química entre os dois como casal e com a atuação deles em papéis dramáticos. Vale a pena vê-los nesse filme emocionante.
É uma nota 10 na escala Vivi de filmes maravilhosos.
2. Missão Presente de Natal
Esse aqui é um clássico dos clichês: “enemies to lovers” (de inimigos a apaixonados) com clima de natal em ilhas paradisíacas. Como grande fã de “Vikings”, quis assistir esse filme só porque o capitão Andrew Jantz é interpretado por Alexander Ludwig, que fez Bjorn Ironside, o primogênito do rei Ragnar Lothbrok. Porém, me deparei com um filme água com açúcar daqueles bem gostosinhos que desliga a mente em 5 minutos.
A assistente parlamentar Erica Miller (Kat Graham) é enviada para um arquipélago no Pacífico para verificar as atividades de uma base militar americana na região e decidir se ela deve ser fechada como parte de uma política de corte de gastos. Ambiciosa, ela vê uma oportunidade de impressionar sua chefe e ganhar a promoção pela qual tem trabalhado sem descanso. Para cumprir essa missão, ela deixa de passar o natal com sua família.
Ao chegar no Pacífico, ela conhece Andrew, que é um pouco insolente e não se deixa ameaçar pela presença dela. Todos os anos, ele e seus companheiros do exército cumprem a missão de entregar presentes de natal para as crianças das ilhas de avião. Ele é o clássico mocinho atrevido, que quebra algumas regras para fazer o que é certo e pouco a pouco derrete o coração de Erica - e o da audiência também.
Apesar de ser uma explícita propaganda do exército americano, vale a pena investir seu tempo para relaxar, dar umas risadinhas e revirar os olhos, dizendo “que clichê”. Alex Ludwig e Kat Graham são bem carismáticos e convincentes na pele desses personagens.
Na escala Vivi de filmes maravilhosos - mas clichês até não poder mais - é nota 8.
3. Talk-show: Reinventando a Comédia
Se é uma grande fã de “O Diabo veste Prada”, provavelmente vai curtir esse filme. Mindy Kalling, a atriz e roteirista conhecida pela icônica Kelly Kapoor de “The Office”, protagoniza essa história ao lado de ninguém mais ninguém menos que Emma Thompson. Acho que só por isso já vale a pena assistir.
Mindy é Molly, um mulher adulta que mora com sua família no Queens em Nova York, trabalha numa fábrica, mas sonha em ser comediande e escritora. Quando ouve dizer que Katherine Newbury (Emma Thompson), uma famosa apresentadora de um talk-show noturno de quem é fã, está procurando uma nova roteirista para seu programa, ela se candidata à vaga e acaba sendo contratada apenas por ser mulher e indiana, ou seja, uma minoria.
O que Molly não sabe é que a carreira de Katherine está em crise. Ela corre o risco de perder o programa e tem sido cancelada por ser grosseira e ter um time de escritores formado apenas por homens brancos de classe média. Então, precisa diversificar sua equipe e Molly cai de paraquedas nessa situação.
Aí é aquela história de sempre: Molly é humilhada e esculhambada, mas se mantém otimista e, aos poucos, conquista seu espaço na equipe e no coração da chefe megera, não sem antes viver dramas e reviravoltas, é claro.
Delicinha de filme, especialmente porque os homens são meros coadjuvantes e não tem nenhuma mulher desesperada correndo atrás de conquistar um cara mediano. Molly e Katherine lidam com questões interessantes sobre carreira, sucesso, racismo, machismo e como se impor num mundo que é feito para colocar mulheres de lado.
Na escala Vivi de filmes maravilhosos é uma nota 9.
4. Simplesmente Complicado
Qual melhor forma de procurar alívio mental senão vendo um filme com um elenco branco rico lidando com problemas que não são problemas? Não existe!
“Simplesmente complicado” é de 2009, mas só vi recentemente quando apareceu no catálogo da Netflix. Ele conta a história de Jane Adler (Meryl Streep) uma mulher divorciada que se torna amante de seu ex-marido (Alec Baldwin) acidentalmente enquanto se envolve emocionalmente com o arquiteto responsável pela reforma da sua cozinha (Steve Martin). Se esse filme fosse uma novela, Jane se chamaria Helena e moraria no Leblon kkkkk.
É leve, bobinho e indolor e rende umas boas gargalhadas. É um antídoto para a mente da militante exausta.
Nancy Meyers, diretora de “Simplesmente complicado”, é responsável por muitos outros filmes do gênero “gente rica se apaixona”. Seguem algumas outras sugestões em ordem da minha preferência: “Alguém tem que ceder”, “O pai da noiva” e “O amor não tira férias”.
Na escala Vivi de filmes maravilhosos é um 8 porque cumpre com sua proposta de ser um filme sobre americanos ricos com problemas de classe média sofre.
5. Moonrise Kingdom
Mais uma mentira dessa lista: esse não é água com açúcar, mas é muito fofinho e é um dos meus filmes favoritos.
Lançado em 2012, a história se passa numa ilhazinha nos anos 60, onde um escoteiro órfão e uma garota com problemas para controlar a raiva se conhecem, começam a trocar correspondências e decidem fugir juntos. Solitários, os dois saem numa aventura pela natureza e se apaixonam e aí você tem que assistir para saber o que acontece.
Dirigido por Wes Anderson, o filme tem coloração, ritmo e personagens característicos das obras dele. É meio estranho, cômico e romântico ao mesmo tempo. Além disso, o elenco é formado por grandes estrelas: Bill Murray, Frances McDormand, Bruce Willis, Tilda Swinton e meu querido Edward Norton ❤️ - esse homem, tenho nem palavras.
Se você curtir “Moorise Kingdom” e quiser conhecer mais do trabalho de Anderson, tem outros filmes dele no Star+. “O expresso de Darjeeling” é um dos meus favoritos.
Na escala Vivi de filmes maravilhosos é um sólido 10!
6. Resgate do Coração
Me colocaram Charlorte York (personagem de Sex and the City) para embarcar numa aventura romântica com Chris Traeger (personagem de Parks and Recreation), então é claro que eu ia gostar. Esse é mais um “enemies to lovers” (de inimigos a amantes) para desapegar da vida real. Mas lembre-se acima de tudo que: esse não é o momento de problematizar, porque se você for por esse caminho, vai achar muita coisa...
Charlotte toma um pé na bunda surpresa do marido de muitos anos e decide ir sozinha para a Zâmbia, numa viagem planejada para ser a segunda lua de mel dos dois. Lá, ela conhece Chris Traeger e ele é aquele homem milimetricamente charmoso: meio confiante e arrogante, mas de bom coração e um pouco traumatizado. Eles se cruzam num restaurante, ele puxa assunto com ela, ela se irrita com a intromissão dele e, olhem só, no dia seguinte, eles se reencontram inesperadamente: ele é o piloto do avião que vai levá-la ao seu passeio num safári chique.
Aí tem tudo quanto é clichê: eles ficam implicando um com o outro, aí depois se aproximam, tem animais selvagens sendo tratados como animais de estimação, white savior comendo solto, ricos brancos naquela busca espiritual que só acontecem em meio à natureza em um país pobre. Mas apesar disso, é um filme bem gostosinho de assistir, que vai te desligar de virar voto, te fazer sorrir e torcer pelo amor.
Na escala Vivi de filmes maravilhosos é um 7, em alienação é 8 e 9 em Rob Lowe sem camisa sendo absolutamente charmoso.
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E você? Como tem se desligado da realidade tenebrosa deste belo país? Você tem se desligado?