#61 Como vou ser triste se, em 2024, eu...
Ah vá para a p... - seria esta a edição de ano novo?
Quando o título desta edição me veio à mente, motivado pela minha irritação com a trend que invadiu a timeline do Instagram ao longo de dezembro, me perguntei o quão amarga sou por me incomodar com algo tão banal quanto uma coletânea de imagens de momentos felizes que as pessoas queriam compartilhar com seu círculo social virtual.
Para além do meu ranço com as redes, com a forma como editamos a realidade para que nossa vida seja retratada numa luz mais bonita, acredito que minha reação às tais postagens tenha mais a ver com algumas mudanças pelas quais tenho passados nos últimos anos - e mais intensamente em 2024 - do que com me emputecer com quem expressa de gratidão e alegria na internet.

Em 2011, Erika, uma das minhas melhores amigas, me mandou uma coluna da Eliane Blum no site da revista Época sobre como a nossa geração, criada com mais privilégios, cresceu acreditando que a felicidade era um direito. Me lembro como, aos vinte e três anos, a noção de que ser feliz não era uma garantia me dava calafrios. Como assim eu teria que sofrer pelo resto dos meus dias?
Não se já falei disso aqui, mas amo ser adulta. Apesar de todos os desafios de ser responsável por mim mesma o tempo todo, não trocaria maturidade de hoje pelo colágeno da juventude. Os anos me ajudaram a entender o que a Eliane dizia lá atrás e me fez ver que a felicidade não era tudo o que diziam. Então, por mais amarga que isso me faça parecer, a forma como as redes sociais embelezam a importância de ser feliz e achatam sentimentos meio desagradáveis me incomoda bastante.
Para conectar essa constatação ao tema “ano novo, vida nova”, pela primeira vez na vida, não me sinto pressionada ou iludida pela virada. Foi uma celebração agradável com amigas, sem grandes expectativas além de passar tempo ao lado de boas companhias. Para além disso, não tenho metas bem definidas ou ambiciosas para este ano que se inicia. Vou me manter no caminho onde já estou há um tempo, buscando ser o mais corajosa possível.
Que caminho é esse?
Quando era jovem, realmente jovem, acreditava de fato que a felicidade era um direito e que era preciso evitar sofrer. A busca por me sentir feliz era constante, o que levou a ter resultados contrários. Hoje, não posso dizer que sou um poço radiante de felicidade, mas também já não sou a jovem frustrada que fui um dia.
Cada vez mais, tenho percebido que buscar ser feliz já não me contempla. Meu objetivo é aprender a apreciar os outros itens do cardápio da vida. Por ansiar pela felicidade plena, sempre fiquei muito focada no meu destino sem curtir a jornada. Em 2024, concluí que preciso aprender a viver a jornada plenamente porque ela é muito mais intrigante que o destino. Afinal, aprendi com Sex and the City que a vida é o que acontece quando estamos ocupadas fazendo outros planos - essa frase não é original da série e está até em música do John Lennon.
Este é o caminho onde me encontro agora e onde pretendo me manter em 2025. Porém, esta não é uma resolução de ano novo, mas, sim, um aprendizado que estou tentando absorver para viver de forma mais pacífica.
2025 e a escrita
Bem, entra ano e sai ano, escrever é a tal da coceira que nunca alcanço. Então, ter um uma frequência aqui e concluir projetos literários seguem sendo objetivos. No entanto, quero curtir o processo de brincar com as palavras, de usar minha criatividade, mais do que ficar noiada que tenho que aumentar número de inscritos ou concluir um livro etc. etc.
Bom, essa edição se encerra por aqui, espero que este ano eu esteja mais presente nesta minha bela newsletter e na minha própria vida com menos angústia e mais curiosidade. Feliz ano novo para você que leu até aqui ❤️